12 - das brumas do cerrado surgem elas! EIS AS MONSTRAS! (05.nov.22)

 

o mês é de festa! 365 dias de eCCe mONSTRa girando, na espaçonave terra, em torno do sol! e para celebrar tantos dias de grandiosa re-existência, nada menos que uma monumental e abismal exposição! expo de maravilhas até então jamais vistas! expo de descobertas que mudarão o curso da história das quimeras! expo em que jamais serem as mesmas pessoas depois de imergirmos nela! e assim... em meio às brumas do cerrado... eis que surgem elas... exuberantes, godzíllacas, mothrescas, cthulhurientas... sim! são elas! e assim, respeitável público, agora, com vocês... EIS AS MONSTRAS!

em 5... (ou um...)


4... (ou dó...)


3... (ou lá...)


2... (ou si...)


1... (ou e já!)


uma quimera, que sob a lua, é guardiã de riquezas... 05 de novembro de 2022 às 16h! eis que elas, em dissonâncias de aparição, emergem em nossa microgaleria de audiovisualidades! surgimento espumante em foma de toca(ia)s: uma onírica MARTINIQUE, outra em vídeo, TATIANA DUARTE, e uma terceira, IANNI LUNA em som uma triangulação isósceles cujos lados congruentes assim eram pelas suas ausências materiais, no entanto, a presença foi uma verdadeira ponta de flecha fantástica! a melhor das incongruências possíveis! (se me permitem uma metáfora geométrica). tocas-bolhas; bolhas tocam; desenho, áudio & vídeo.

espuma & monstruários deixam-se tocar-se... TATIANA DUARTE, a toca(ia)  in vídeo & IANNI LUNA, a toca(ia) in som, não puderam estar presentes. apenas suas obras abrilhantando a atmosfera desta nossa monumental e abismal exposição! no entanto, a presença da toca(ia) onírica, a MARTINIQUE foi fabulosa! (lembrando aqui que, todos os adjetivos usados na presente crônica têm profundas implicações monstruosas!) "caia na tocaia / carapuça é arapuca / a monstra fuça / seu sentido aguça".  


tATIANa duARTE, toca(ia) in vídeo, perfor[A]mante e pesquisADORArtista em duas videoperformances: AR -  v03 vermelhaço e Vozerios. estas foram exibidas tanto interna quanto externamente no nosso espaço. quem passava em frente à eCCe mONSTRa podia assistir de fora em um telão em nossa faxada. mas infelizmente, não tinham a experiência de seus áudios. no entanto, quem entrasse teria uma dupla experiência sonora. ora assistiriam AR -  v03 vermelhaço e Vozerios ouvindo, tão somente, seus respectivos sons originais, ora as assistiriam ouvido tais compondo uma trilha espontânea com a música de iANni lUNa. áudio tocados simultaneamente como se fossem uma composição planejada para isso.


AR -  v03 vermelhaço de tatiana é um tipo de metaperformance. ou seria uma performance matriosca? se pensada como metaperformance primeiro um corpo performa. é mediado pelo olho de vidro de uma câmera que o vê. sua visão é aérea, divina, flutuante. depois um dedo performa por sobre o corpo filmado. literalmente performance digital expandida. já que a digital do dedo interage com o digital da máquina celular, da caixa preta que vive na palma de nossas mãos. e vemos, maravilhados/as tal expansão acontecer diante de nossos olhos.


Vozerios é um encanto eólico, aquático e vegetal humanoide. uma planta-mulher quase tocada pelo oceano, mas completamente envolvida pelo vento. sim, corpo paisagem como a autora se auto nomeou. paisagem corpo cuja contemplação se dá através da pele. é quase possível sentir as cócegas dos grãos de areias nos pelinhos de nossos braços. o cheio do mar insinuado em nossas narinas. belíssimo convite para que também nos tornemos seres-plantas nesta sensível atmosfera de tatiana-paisagem.


aos nosso ouvidos se deu IAnnI LUnA! toca(ia) in som. musiqueira e fenomenóloga de sonzêras poéticas e desobedientes. seu poderio artístico (intelecto, sensibilidade e imaginação) se desafia pelas zonas cinzas da triangulação entre arte, tecnologia e ficção. é pelos nossos ouvido que ianni nos envolve. suas obras sonoras expostas na eCCe mONSTRa foram suas That Not Said I e That Not Said II em /NCOUNTERS 003/. ambas criando uma dimensão alternativa de existência que nos puxa pelas orelhas e nos diz, em sussurros de prazerosos arrepios, que é ali mesmo que devemos estar. mas porque ali? e porque um dever? certamente um imperativo categórico de júbilo: goze como se tal gozo devesse se transformar em lei universal; goze de tal modo que este seja sempre meio e não fim; goze como se seu gozo devesse servir de lei universal para todos os seres gozantes!



e agora, eis que das profundezas cósmicos e ancestrais das radiações imaginativas voltadas a si mesmas para uma explosão em supernova de criaturas, monstros, quimeras e outros seres fantásticos, surge ela, em toca(ia) onírica MARTINIQUE! desenhadora e encantadora de seres folclóricos e de mutantes em geral. seus traços são de uma beleza, de um preciosismo e de uma destreza que beiram os gestos de um virtuoso artista gerado em solaris. os sonhos lhes são partituras privadas. no entanto, quando sua generosidade borbulha, é impossível conter sua gentileza vulcânica. em dádiva-magma, ela nos oferece essas partituras para que possamos tocar sua música quimérica imaginária e impronunciável, para arrefecer nossa inveja por ela, tão somente por ela, até então, brincar com seus seres niquiméricos. 



aqui a tentação é enorme em querer sair da crônica de abertura da exposição, e partir para a reflexão criativa e tresloucada sobre o incrível talento de mArtiniquE e suas fantásticas criaturas. mas como aqui na eCCe mONSTRa, tentação surgida é tentação realizada, me entregarei à esta bem vinda saída. em múltiplas realidades, dentre as fotos deste dia de festa mONSTRa!


§1. jaz, um clarão. aparente cegueira. os dois olhos para a luz visível se fecham. no entanto se abrem para espectros mais sutis. dentre asa brumas cerradinas abre-se um portal. é uma toca. há uma ninfa acenando. ela tem olhos de aranha. alguns tentáculos como os de uma água-viva. certamente venenosa. mas venenos deliciosos. 


§2. há umas patas de caranguejo saindo de seu pescoço. são graciosos. mas não são pelinhos que saem deles. são minúsculos dedinhos. ah... entendo. ela é muito habilidosa. é muito carinho para dar a seus bichinhos. o legal é que dá para ver, através da cuba de vidro que envolve um de seus cérebros. esses lindos monstrinhos em gestação. fazem bolhinhas.


§3. nunca imaginei que poderia existir uma trípode bailarina. ainda mais com unhas que trocam de cor como pisca-pisca de um natal no mundo das carrancas atratoras de alegria. cada arranhão delas no chão, um arco-iris se prenuncia. já imaginou como é pisar num gramado cuja grama são tufos de brotos de arco-iris? é bom demais!


§4. curioso mesmo é o farfalhar das asas de mariposa que cobrem seu cotovelo. são tantas que fazem um zumbido intrigante. sem querer eu esbarrei em um deles, e o roçar nessas asas fez com que logo viessem na minha imaginação outras formas dos irmãos e irmãs do mestre dos sonhos. sabe aquela sensação de finíssimos e delicados grãos de areias nos olhos? então, só que ao invés de sono, era um arrepio de euforia que passava pelas minhas pálpebras.


§5. de repente sua cabeça começa a flutuar. seus tentáculos, braços, asas, ventosas e pernas, tanto as orgânicas quanto as mecânicas, se desprendem de seu tronco. e este se desdobra. torna-se dois. é irresistível não abraçar e ser abraçado. é pelo abraço nesse tronco e seu duplo que dá sentir as mil texturas que os compõem. ora são lisos e metálicos. ora são rugosos e viscerais. ora são delicados como pétalas de flores. ora são rijos como músculos de halterofilistas. seus osso são de uma flexibilidade impressionante. 



§6. ah! eu não falei de sua voz. pois é! são supercordas vocais supersimétricas. possuem umas 10 dimensões sonoras com algumas enroladas em níveis microscópicos e outras em dimensões tão grandes que as percebemos como comprimento, largura e profundidade. é uma voz múltipla que imprime palavras vivas. é como se um cardume de peixes babel ficassem cantando e dançando em nossos ouvidos.  



§7. olha-te, tu mesme! nem tudo é espelho. há tesouros cuja preciosidade é privada. mas o que vale são seus gestos de dádiva. gestos que nos lembram do manancial aberto em nós a cada quimera cria que nos encara. mesmo fingindo não fazê-lo. 



§8. mergulha-te! sem medo! resistir é inútil! mesmo no incômodo passar dos meses de um ano qualquer, ao menos um ser fantástico lhe estenderá a mão. entregue-se ou te devoro! diz um mapinguari se espreguiçando. mas é brincadeira desse nosso amigo totoro das florestas pindorâmicas.



§9. o portal está prestes a se fechar. o clarão se desfaz lentamente. nossos olhos voltam a ver o espectro da luz visível. mas não adianta. não somos mais os mesmos.


§10. de novo! de novo! de novo!



§11. e agora, com vcs, a palavra da artista!


por fim, ou era uma vez... EIS AS MONSTRAS!


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c[E]rr[A]do, prImAvErA, 2022




























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