10 - MOTIVOS ESPARRAMADOS, ARRANHADOS E TREMIDOS

há diversos modos de se deixar rastros. modos estes que contam uma história. rastros que narram. rastros que se calam. rastros que nos fazem pensar. rastros que trás à consciência o ainda não dito. rastro que são simplesmente rastros. no entanto, um fio os unem: nosso modo de deixa-nos entregar a eles. se assim fazemos, a topografia se faz e se transforma à medida em que nos entregamos. se superficialmente, a intensidade é o modo de senti-los. se profundamente, o mergulho é o modo. topografia que não nos deixa imune, estável ou indiferentes. dito isso, emarenharmo-emos, esparramarnos-emos, arranharmos-emos e tremamos-emos.

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15 de outubro de 2022, sábado, a partir das 16h, no emarenhamos em MOTIVOS ESPARRAMADOS, ARRANHADOS E TREMIDOS, exposição individual de LEOPOLDO WOLF, 1979, nascido em brasília - df, brasil. artista plástico dedicado ao desenho. cuja inspiração corresponde ao tema da escrita, devido a uma abstração sobre o desenho das letras, pelo caráter gestual e gráfico do traço. recentemente, passou a se identificar como um artista geométrico. pois vem se dedicando ao desenvolvimento de um repertório de motivos nos moldes da geometria com o intuito de retornar às formas mais básicas, igualmente, atento ao surgimento de ideias e relações mais espontâneas.

emaranhamento brindado às 19h pela participação especial de TELMA & SELMA (isabella ferrugem & rafaella ferrugem): figuras cativas nas festas mais legais de brasília, as gêmeas prometem proporcionar ao público a melhor viagem sonora misturando décadas décadas com uma pesquisa muito bem apurada do melhor da brasilidade, do rock 80's, 90's e 00's r'nb e músicas que prometem acessar qualquer gosto musical. seus sets não tem limites para dias e noites de pura diversão e apreciação musical, além, do carisma dessas garotas.

um traço, à primeira vista, comporta a potência da democracia de todos os traços: qualquer pessoa pode fazê-lo. no entanto, não é bem assim. mesmo que possamos, cada um, uma de nós, fazer um traço, não é qualquer pessoa que lhe atribui seu devido valor. sim, valoração que o torna uma singularidade em meio a tantos traços banais. e melhor! traço em sua força maior! a desbanalização do banal do tracejar. gesto grandioso de um geômetra atento, que resgata a essência da geometria pré-algébrica. geômetra que cria formas que podemos tocar com as pontas dos dedos para sentir as sutilezas de suas dimensões. sem a abstração da álgebra as formas geométricas se esparramam em seu constructo básico: a tinta que toca o papel. sem a abstração da álgebra o gesto geométrico arranha o papel. seu movimento não é maquínico. é tremido. portanto, orgânico. deste modo a desbanalização do traço guarda um sorriso. enquanto o geômetra sorri, suas formas se expandem em progressão...

projeção na faixada externa da eCCe mONSTra

do vídeo feito por leopoldo, exibida ao longo da exposição.

asa fotos desta crônicas foram tiradas por

mARTINIQUe (niquimeras) & aMANTe da hERESIa

o que é um sorriso que ri sozinho? nada! todo sorriso deve ser compartilhado! ou seja, todo sorriso deseja se expandir. assim como a geometria de leopoldo, que não só preserva seus motivos esparramados, arranhados e tremidos, mas que guarda diabinhos na garrafa que o expande como artista transmídia. primeiro papel, pena e nanquim. depois escaneamento por foto ou por escâner que elimina as zonas cinzas. ampliação por projetor. descoberta de detalhes que se tornam todos. chega-se ao pixel como limite da ampliação. volta-se ao papel, porém com pincel e tinta. não satisfeito, salta para a animação de seus desenhos, traços, rastros e processos criativos. até surgir um glitch que salta dançante para sua música. sim! leopoldo, não só compôs um vídeo que sequencia seus desenhos, como também compôs uma música para criar a ambiência precisa para sua desbanalização do traço. é a "posse_11251324projeto 48000 1_01 ruidoso"! aqui não é tão somente uma exposição, é irrupção no cotidiano. é portanto, festa!

e assim, os MOTIVOS ESPARRAMADOS, ARRANHADOS E TREMIDOS de leopoldo wolf nos emaranharam em sorrisos e festa, esparramaram nossas ideias como um caldo que entorna devido à sua ebulição, arranharam nossas sensibilidades como se tatua em nossa nossa pele um desenho ritualístico ancestral, e nos fizeram tremer diante a passagem do infinitesimal dos traços tecidos em 2cm x 6cm, à ampliação máxima de seu pixel digitalizado. se há uma palavra que possa definir toda esta experiência, ela ainda está para ser inventada. portanto, a inventemos! agora! sem pudor! aqui, no universo da geometria desbanalizada, tudo é permitido!

e para finalizar, ou melhor, para início de outras conversas, ouçamos o que nosso grande geômetra tem a nos dizer sobre sua poética e seus processos criativos:

*obs: vocês devem estar se perguntando: e a participação especial de TELMA & SELMA com suas discotecagens maravilhosas? não tem registro?

e nós respondemos: sim! temos! mas aqui a transformamos em duas coisas: um convite e um gostinho do que foi. isso para que fiquemos em alerta às futuras festas em que elas tocarão! fiquemos atentes!